sábado, 28 de junho de 2008

Citizen Kane


Citizen Kane foi a primeira longa-metragem de Orson Welles que marcou a sua estreia na sétima arte poucos anos depois do episódio de A Guerra dos Mundos. Esta polémica emissão radiofónica do então jovem Welles, inspirada no livro homónimo de H. G. Wells, causou ondas de pânico a milhares de norte-americanos convencidos de que o seu país estava a ser invadido por extraterrestres.
Realizado e protagonizado por Orson Welles, este é, sem dúvida, um dos filmes mais influentes e interessantes da história do cinema que, há 66 anos atrás, retratou um tema que continua sempre actual: a relação entre a política, a economia e o jornalismo. Um filme direccionado a todos os estudantes de comunicação e interessados na área.
O filme centra-se na história da vida de Charles Foster Kane (Orson Welles). De origem humilde, até ao dia em que a mãe herdou uma mina de ouro, Kane rapidamente edifica o seu império. Estabelece um controlo dos meios de comunicação social a graças à influência do seu jornal e da estação de rádio. Ingressa na vida política e candidata-se a governador, mas acaba por não satisfazer as suas ambições políticas. De feitio instável, torna-se violento com as mulheres que passam pela sua vida e acaba por morrer sozinho no seu enorme casarão. Os jornalistas que noticiam a sua morte dão início a uma meticulosa investigação com o intuito de descobrirem o significado de “Rosebud”, a última e enigmática palavra dita por Kane antes de morrer. Entrevistam toda a gente que o conheceu, expondo pormenores dos seus setenta anos de vida. Com isto podemos ver que afinal o sensacionalismo jornalístico não é prática recente
Orson Welles escreveu o argumento do filme com Herman J. Mankiewicz, tendo recebido um Óscar de Melhor Argumento na cerimónia de 1941. Apesar disso a obra cinematográfica de Welles só seria valorizada muitos anos depois. Recentemente, tal como aconteceu em 1998, o American Film Institute colocou Citizen Kane no primeiro lugar da lista dos "Cem melhores filmes de sempre".

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Black Cat White Cat

Numa comunidade cigana da ex-jugoslávia um homem decide jogar com o destino e arriscar tudo num negócio arriscado com um aldrabão mafioso, do qual sai obviamente a perder e cheio de dividas. Para as pagar aceita casar o seu filho com a irmã do tal indivíduo, mesmo quando o jovem está apaixonado por outra rapariga. Quem pensa que vai assistir a um doloroso e comovente romance está bem enganado... Black Cat White Cat (Gato Preto, Gato Branco) é uma miscelânea de personagens profundamente dementes e situações caricatas, inspiradas no velho slapstick americano e nas comédias italianas. Emir Kusturica, filma uma das mais bizarras comédias que alguém poderá ver. As personagens são deliciosamentes estranhas. Vivem na pobreza e na eterna complicação e são felizes.

Underground


Underground conta a história de dois amigos na antiga Jugoslávia, durante a II guerra mundial, e que utilizam métodos pouco convencionais para sobreviver. Utilizam uma cave para esconder a família e alguns amigos e aproveitam para os pôr a fabricar armas. Quando a guerra acaba um deles mantém todos os outros a trabalhar e não lhes diz que a guerra já terminou. E assim, fechados numa cave, continuam durante 20 anos.
Este é daqueles filmes que, uma vez embrenhados na sua história, não interessa se dura 1 hora ou 3 horas e qualquer coisa (como é o caso). O mundo que Emir Kusturica constrói é ao mesmo tempo belo e tremendamente triste mas, como raramente acontece, esse contraste funciona e comove-nos. O realizador utiliza a comédia e o burlesco para nos contar situações de uma proporção trágica imensa e certamente sorrimos, mas não deixamos de ter o coração por dentro apertado.
É extraordinário reparar como Emir Kusturica sabe que não basta um belíssimo argumento, se não existirem actores capazes de lhe dar credibilidade. E no campo da direcção de actores, nada há a apontar. Muito pelo contrário, só temos de elogiar o trio de actores principais, Miki Manojlovic, Lazar Ristovski e Mirjana Jokovic.
Outro dos pontos altos do filme é a banda sonora. Não se limita a existir no fundo. É parte activa e partilha o ecrã com os actores, o que aumenta consideravelmente o papel que desempenha. Faz parte da vida do filme, acompanhando todas as pripécias que vão acontecendo, prevendo mesmo algumas delas.
Esta obra ganhou a palma de ouro em Cannes no ano de 1995 e consagrou um dos maiores realizadores europeus, pela densidade do filme, pelas suas metáforas e pelo seu humor único.

Donnie Darko


Esquizofrénico como o seu protagonista, Donnie Darko fica-se entre um dos filmes mais inclassificáveis e notórios do século XXI. Realizado por Richard Kelly em 2001, que exibe aqui o seu forte talento por detrás das câmaras e no papel em retratar uma historia fora do comum no que se diga dos parâmetros do thriller paranormal ou no simples drama surreal que se deve muito ao cinema já criado por David Lynch. Donnie Darko é o nome de um jovem inadaptado no seu meio (Jake Gyllenhaal), que por milagre se safa da morte certa, com problemas emocionais e como já havia referido, esquizofrenia, Darko tem visões que o alertam do fim do mundo, dando-lhe uma contagem decrescente.
A intriga negra provem de um força narrativa lenta, obscura e sempre em sintonia com uma das bandas sonoras mais enigmáticas do seu tempo, no seu final ainda tem tempo de referenciar o neo-clássico de Paul Thomas Anderson, dando uma revisão às suas personagens enquanto evoca na banda sonora o single Mad World de Gary Jules, naquela que pode muito bem ser a melhor aparição de um momento musical num filme.
O elenco é encabeçado por Jake Gyllenhaal, o jovem actor é aqui uma aposta inicialmente arriscada, mas ganha conseguindo preencher os requisitos da sua personagem, Donnie Darko, segundo o cabimento da história em si, não conseguimos imaginar um Darko melhor que ele, e só para saberem este filme de Richard Kelly foi o seu veículo para uma afirmação mais acentuada no competitivo mundo cinematográfico. A maior parte do elenco conjuntivo é composto por jovens estrelas, algumas delas ainda longe do brilho de hoje, é no caso de Seth Rogen, com um pequeno e pouco destacado papel. A grande surpresa reside em Drew Barrymore, na melhor interpretação de sempre da sua carreira e com um carisma especial e o celebre actor Patrick Swayze que aqui encontra um forte motivo para abraçar o puro cinema em si.
Fantasmagórico, mas antevendo brilhantismo a um provável futuro autor. Donnie Darko poderá deixar de fora os mal-habituados com as fórmulas preguiçosas do género que se auto-titula, mas surpreenderá quem o encontrar a sua cerebração numa complexidade narrativa em todos os níveis. Sempre recheado com grandes momentos de puro cinema, Donnie Darko é arte cinematográfica de escuro calibre.

domingo, 22 de junho de 2008

The Shining


Qualquer filme de Stanley Kubrick é um regalo de se ver, pois a forma como ele movia a câmara em busca do melhor panorama, o modo como ele jogava com os movimentos, quase teatrais, das suas personagens, sempre em perfeita sintonia com as magnificas bandas sonoras, escolhidas a dedo para cada cena, foram sempre uma marca em cada um dos seus filmes, Shining que foi realizado em 1980 é considerado o filme de terror de Stanley Kubrick.
A história de Shining não é perfeita, mas Stanley Kubrick, Jack Nicholson e Danny Lloyd são e fazem com que os 115 minutos sejam capazes de voarem entre um abrir e fechar de olhos. Porém, tal capacidade não advém do medo que o filme nos tenta pregar, nem dos sustos que nem esboça tentar. Os seus méritos ultrapassam isto, acentuando-se num contínuo suspense capaz de deixar qualquer um pregado ao ecrã.
Este clima de suspense imposto, deve-se sobretudo ao pequeno Danny Torrance (Danny Lloyd), uma criança desorientada e sozinha que tem um terrível dom (shining) de ver coisas do passado e do futuro. Assim, Danny é o primeiro envolvido por um ambiente surrealista em que fantasmas do passado tentam a repetição de uma história dramática onde um pai desesperado pela solidão e fracasso tenta matar a sua familia. Nesse papel, Jack Nicholson é excelente, ele interpreta Jack Torrance (pai de Danny) como se dele próprio se tratasse, expressando com um realismo que se tornou clássico, a personagem de um psicopata maluco, capaz das maiores atrocidades.
Shining é uma obra digna do mestre Kubrick, que mesmo exagerando em algum teor sobrenatural, conseguiu pela beleza dos movimentos da câmara pela, consistência das suas interpretaçõese e pelo terror quase sem mortes e sangue que conseguiu implementar, ficar na história do cinema, marcando como referência muitos dos títulos do género que depois lhe sucederam.

Apocalypse Now

“You smell that? Do you smell that? Napalm, son. Nothing else in the world smells like that. I love the smell of napalm in the morning. You know, one time we had a hill bombed, for twelve hours. When it was all over I walked up. We didn’t find one of ‘em, not one stinkin’ dink body. The smell, you know that gasoline smell, the whole hill. Smelled like… victory.”(Robert Duvall)

Apocalypse Now (1979) é um dos grandes filmes de Francis Ford Coppola. John Milius e Coppola inspiraram-se para escrever o argumento deste filme na obra de Conrad (Heart of Darkness), mas o produto final é algo diferente do livro. As ideias mantêm-se, mas o cenário e as personagens mudam.
Marlon Brando, Martin Sheen e Robert Duvall efectuam interpretações excelentes e inesquecíveis que marcaram profundamente o filme, tendo Duvall sido nomeado para o Oscar de melhor Actor Secundário. Ainda na academia o filme ganhou o Oscar para melhor Cinematografia e melhor Som. Tendo sido nomeado para mais alguns Óscar.
A história desenrola-se durante a Guerra do Vietname, e é sobre uma perigosa missão levada a cabo pelo Capitão Willard, que tem como intuito assassinar o Colonel Kurtz (um Boina Verde renegado que se auto-denominou um Deus entre a tribo que o acolhe) no Cambodja.
Apocalypse Now é ainda o maior espectáculo sobre a monstruosidade jamais feito. É Ópera e Shakespere ao mesmo tempo. Não é um filme sobre o Vietname, é o Vietname ele próprio. É um filme de culto que acarreta consigo uma forte ressonância da cultura pop americana. Porque o horror e a selvajaria não se limitam ao pantâno mas à própria nação do criador. É a beleza e a perversidade, é o surrealismo e a autenticidade. É a insanidade de uma guerra espelhada na loucura de um homem. É o transformar de Willard (Martin Sheen) em Kurtz (Marlon Brando), de homem são até à imagem da própria presa. É o grito de um utopista e de uma era.

sábado, 21 de junho de 2008

Trainspotting


Baseado no livro escândalo de Irvine Welsh, Trainspotting é um retrato de uma juventude escocesa, perdida no crime, na droga, na doença e na violência, mas com um toque de humor negro que faz toda a diferença para a necessária identificação com os personagens. Filme culto dos anos 90, Trainspotting é a prova da vitalidade do cinema europeu dessa altura, assim como a afirmação do talento de Danny Boyle.
Trainspotting conta a história de um grupo de viciados em heroína e suas vidas, é um filme recheado de uma galeria de figurões extremamente coloridos e divertidos. Eles são, o protagonista Mark Renton (Ewan McGregor), com a sua filosofia de escolher cavalo em vez de escolher a vida. Simon “Sick Boy” (Jonny Lee Miller) o grande teórico de Sean Connery e engatão incorrigível. Spud (Ewen Bremner), o drogado de bom coração com uma grande apetência para defecar em camas estranhas e para se encher de speeds nas entrevistas de emprego. E finalmente o psicótico e paranóico “Franco” Begbie (Robert Carlyle), perigoso, irrascível e sempre na vertigem da violência. Todos os actores, estão à altura dos papéis, conseguindo dar o toque humano essencial, na composição destas bizarras personagens. Outro ponto fortíssimo, é a adaptação que o argumentista John Hodge fez do livro de Welsh. Hodge combina personagens e situações do livro, mantendo-se sempre fiel ao espírito da obra original. É de salientar que o livro tinha uma estrutura não linear algo complexa, que Hodge escolheu contar de forma mais tradicional e eficaz.

A Clockwork Orange


A Clockwork Orange (Laranja Mecânica) é uma das maiores obras primas jamais feitas no cinema, realizado por um dos maiores genios que existiu Stanley Kubrick.
O filme é uma reflexão sobre a sociedade moderna e a corrupção e violência nela existentes. Baseado no livro de Anthony Burguess, na altura da estreia em cinema, foi considerado ultra-violento, perturbador e chocante. E de facto, é um filme violento para 1970 mas que na actualidade não tem esse impacto de ultra-violência. Continua no entanto, completamente actualizado no que diz respeito à temática abordada.
A história do filme A Clockwork Orange gira em torno de Alex(Malcolm McDowell), um jovem perturbado e genuinamente mau, cujos únicos interesses na vida são sexo, ultra-violência e …a música de Beethoven. Juntamente com o seu gang (ou segundo Alex, os seus compinchas), todas as noites, percorrem as ruas de uma Londres futurista para espalhar a violência e o caos por onde passam. Numa dessas incursões nocturnas, após ter violado uma rapariga, Alex é preso e submetido a uma terapia revolucionária que defende que Alex poderá ser curado, criando nele um sentimento de aversão à violência. Mas esta terapia tem os seus limites e falhas e terá obviamente as suas consequências…
Tudo em Laranja Mecânica é perfeito. Visualmente é arrebatador. A realização de Kubrick (como sempre) é sublime e cada cena é magistralmente filmada. O argumento é bastante inteligente, criando uma narrativa cativante e as interpretações são soberbas, nomeadamente a de Malcolm McDowell, que é simplesmente genial na concepção de Alex. É uma interpretação sem dúvida merecedora de Óscar. A título de exemplo, na cena inicial, em que a câmara se vai aproximando de Alex, o actor consegue transmitir a personificação do mal, apenas através da expressão facial...Brilhante!

Táxi Driver


Táxi Driver é um clássico drama urbano, intemporal, e apaixonante, realizado por Martin Scorsese que eu considero o seu melhor filme.
Neste grandioso filme Robert De Niro tem um desempenho fenomenal na criação de um homem solitário irritado com uma sociedade cheia de miséria e desilusão. O encontro com uma prostituta de apenas 12 anos de idade (Jodie Foster) irá ser o cataclismo que fará o copo transbordar e levar à descarga da revolta interior de Bickle sob a forma de violência. No fundo, trata-se de um retrato de uma América dos anos 70, onde muitos dos ex-combatentes do Vietname, sentindo-se marginalizados ou inadequados na sociedade, poderiam eventualmente descarregar a agressividade captada em ambiente de guerra e de alguma forma, libertar os seus fantasmas e demónios interiores.
Táxi Driver narra a odisseia de um homem alienado da sociedade, perdido e obcecado por transformar o mundo em que vive, tornando-o melhor, onde Travis Bickle (Robert De Niro) é um jovem veterano do Vietname, que trabalha nas ruas de Nova York como motorista de táxi. Conhecendo bem todos os podres das vielas da cidade, cruza o seu caminho com o das jovens Betsy (Cybill Shepherd) e Iris (Jodie Foster), uma prostituta de apenas 12 anos, o que provoca a uma grande revolta contra tudo e todos, extravasando toda a sua agressividade contida…
Táxi Driver é um filme em que não se encontram pontos negativos. È um verdadeira obra-prima dos anos 70 e seguramente um dos melhores filmes da década. Nomeado para quatro estatuetas dos Óscares de Hollywood, Melhor Actor –Robert De Niro, Melhor actriz Secundária – Jodie Foster, Melhor Música e Melhor Fotografia, não venceu, apesar de tudo, em nenhuma das quatro categorias. Venceu, isso sim, a palma de ouro do festival de Cannes, o que de certa forma premiou o reconhecimento europeu de um realizador em ascensão, que actualmente é uma referência e um dos dinossauros da sétima arte.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Il Postino


Realizado por Michael Radford, o Carteiro de Pablo Neruda é uma daquelas pérolas do cinema que nos fazem sorrir que nos emocionam e é um filme que ficara sempre na memoria de todas as pessoas que o viram. Num tom lírico este filme mostra-nos a amizade que se criou entre o poeta chileno e o seu carteiro e o enamoramento deste ultimo pela bela Beatrice Russo (Maria Grazia Cucinotta).Este é o retracto delicioso e inesquecível da busca de amor, felicidade de um homem. Recheado de momentos hilariantes, proporcionados principalmente por Massimo Troisi, que tem um papel encantador e muito rico. O filme é ainda uma ode à poesia, às metáforas, ao amor.O actor e argumentista Massimo Troisi morreu de ataque cardíaco apenas 12 horas após a conclusão das filmagens deste filme. Apesar de saber que era doente cardíaco e que necessitava de tratamento e descanso, persistiu na sua ideia de terminar esta personagem. Está então de parabéns pois deixa um enorme carinho, pela sua simples mas grandiosa personagem cativante.Este filme foi vencedor do Óscar de melhor Banda Sonora e ainda foi nomeado para Melhor filme, Melhor Realizador, Melhor Actor (Massimo Troisi) e melhor Roteiro Adaptado.
Por razões políticas o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) é obrigado a procurar exílio numa ilha em Itália. Neruda é amado pelo povo pelas suas crenças comunistas e pelas mulheres pelos seus poemas de amor. Mario é filho de um pescador e está desempregado. Ele tem muitas dificuldades a ler e escrever, mas mesmo assim consegue ser contratado como carteiro, tendo como privilégio ser o encarregado da correspondência do poeta.

Nuovo cinema Paradiso


Este filme é um dos melhores filmes alguma vez feitos realizado por um dos melhores realizadores do cinema italiano e do mundo Giuseppe Tornatore, que com esta obra aclamada e aplaudida de 1989, seja acima de tudo um autêntico elogio ao amor, à amizade, à juventude, à vida e ao cinema. É um filme muito especial, pois de uma forma poética consegue mostrar a magia que o cinema transmite a todos os seus amantes. Em 1989 alcançou o Prémio da Crítica em Cannes e no ano a seguir conseguiu vencer o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro.
Cinema Paraíso tem um encanto especial e a escolha para a direcção musical, não podia ser melhor, pois esteve ao cargo do senhor Ennio Morricone. As músicas escolhidas para cada cena realçam os sentimentos presentes na mesma, tornando-se assim um filme emocionalmente inesquecível.
O filme começa quando o realizador Salvatore Di Vita (Jacques Perrin) realizador de sucesso em Roma, que numa noite recebe a notícia que o seu amigo Alfredo (Philippe Noiret) morreu. É nesta altura que Salvatore se relembra de tudo o que pensava que podia ter esquecido. Relembra os seus tempos de infância, vividos numa cidade pequena da Sícilia, assombrada pela pós-guerra e pela imagem do pai que nunca voltou da guerra. Estes eram tempos difíceis, reinavam a fome, a pobreza, a censura e o cinema era o espaço onde as populações podiam sonhar e por breves momentos serem felizes. As cenas passadas nos cinemas retratam as situações mais caricatas: o início dos namoros, as partidas das crianças, a corrida destas mesmas para a primeira fila frente ao ecrã, negócios obscuros, inclusive cenas de sexo.Salvatore relembra-se enquanto Toto e o seu amigo Alfredo, o projeccionista da sua cidade que lhe mostrou os segredos do cinema e das projecções e assim estimulou-lhe a grande paixão pelo cinema.