sábado, 12 de julho de 2008

Reservoir Dogs



Joe Cabot (Lawrence Tierney), um experiente criminoso, reuniu seis bandidos para um grande roubo de diamantes, mas estes seis homens não sabem nada um sobre os outros e cada um utiliza uma cor como cognome. Porém durante o assalto algo ao saiu errado, pois diversos policiais esperavam no local. Mr. White (Harvey Keitel) levou Mr. Orange (Tim Roth), que na fuga levou um tiro na barriga e morrerá se não tiver logo atendimento médico, para o armazém onde tinha sido combinado que todos se encontrassem. Logo depois chegou Mr. Pink (Steve Buscemi), que está certo que um deles é um polícia disfarçado e eles precisam descobrir quem os traiu. A partir desse momento, a história é a do conflito entre estes homens obrigados pelas circunstâncias a coexistir, mas que, afinal, não são, exactamente, iguais entre si, enquanto tentam descobrir onde está o erro e a quem responsabilizar, revelam fidelidade, regras, princípios e obediência a determinado tipo de fés e morais, por dentro das suas bem mascaradas consciências.
Aclamado pela crítica pelos seu poder frontal e ferocidade de cortar a respiração, este filme é um brilhante clássico dos filmes de gangsters americanos, do argumentista e realizador
Quentin Tarantino.
Mas o que faz de
Quentin Tarantino um grande argumentista e realizador são os pormenores deliciosos. Quebrando os cânones, o realizador passa eternidades a aprofundar diálogos inacreditáveis e que não fazem avançar a história um milímetro. Ironicamente, são esses os pormenores que nos marcam e nos fazem apaixonar pelos personagens. A conversa inicial sobre o tema Like a Virgin de Madonna é inacreditável, grande teoria. A discussão sobre os nomes falsos, na qual Mr. Pink se queixa do nome que lhe foi atribuído por ter conotações gay e Mr. Brown (Quentin Tarantino) se queixa do seu nome merdoso é mais uma demonstração de como o acessório pode por vezes suplantar em interesse o supostamente essencial.Os personagens de Reservoir Dogs falam muito, Gritam, ironizam, reclamam, reivindicam, comprometem-se. Não é uma linguagem polida, Pelo contrário: é a linguagem do gang, da rua,do underground, Chega a ser hilariante.
Falta mencionar os litros de sangue derramado ao longo dos 95 minutos de projecção, todos eles fruto de uma violência que por vezes obriga o espectador menos insensível a virar a cara. Na cena final, todos os personagens ainda vivos entram em rota de colisão e o clímax resulta numa cena inesquecível.Entre outras coisas, deste filme ficam na memória: a elegância fotográfica do filme; o contraste entre o negro dos fatos e o vermelho do sangue; a alusão, na cena final, a um arquétipo figurativo do imaginário ocidental: Mr. Orange nos braços de Mr. White, émulo da cena do Cristo moribundo no aconchego materno; a densidade dramática conseguida em longos planos que, através do tempo real, nos permitem captar o detalhe mais subtil de cada gesto ou expressão; o virtuosismo de um elenco invejável. Suficiente para fazer de Reservoir Dogs filme de culto e de Tarantino nome incontornável da cinematografia recente.

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