quarta-feira, 2 de julho de 2008

Schindler's List


Steven Spielberg foi o realizador desta obra soberba em que consegue mostrar que existe compaixao humana mesmo numa situação apocaliptica como retrata este filme A Lista de Schindler "Schindler's List".
Steven Spielberg é o que se chama de “realizador multifacetado” e resolveu pegar numa temática pesada e séria: o holocausto dos judeus como medida (“solução final”) da demente ideologia racista nazi, e retratá-la de forma diferente dos filmes que até à época tinham sido feitos. Tal proeza valeu-lhe o reconhecimento da academia de Hollywood que lhe “ofereceu” quase duas mãos cheias de “Óscares”.
A partir da obra premiada de Thomas Keneally, escrita em 1982, o argumentista Steven Zaillian criou uma história que consegue manter-nos atentos e motivados até ao final do filme, ou seja mais de 185 minutos. A Lista de Schindler conta-nos a história de Oskar Schindler (Liam Neeson), membro do partido nazi, um industrial, um especulador e apaixonado por mulheres, que resolve aproveitar a mão-de-obra barata dos judeus para a sua fábrica de alumínio e tentar fazer fortuna com a 2ª Guerra Mundial. Com a ajuda do honesto contabilista judeu Itzhak Stern (Ben Kingsley), consegue convencer alguns judeus do gueto de Cracóvia a aceitarem trabalhar para ele, pois só assim poderiam salvar-se das atrocidades cometidas pelos nazis. Entretanto Oskar tem de “contornar” a maldade do implacável Amon Goeth (Ralph Fiennes), oficial das SS (Secções de Segurança), que não hesita em matar ou mandar executar judeus pelos motivos mais ridículos, ou mesmo sem motivos. Goeth é possuidor de uma mente perversa e complexa que Oskar sabe bem explorar, subornando e sabendo servir-se da sua influência para salvar diversas vezes os judeus, devido a confusões de papelada e outros factores, dos campos de concentração ou câmaras de gás. Quando o dinheiro acabou, o negócio de Schindler faliu, no entanto ele acabou por salvar mais de mil judeus de morte certa e horrível durante o holocausto.
A mais-valia deste filme parece ser mesmo o facto de ter sido rodado com película a preto e branco, em que podemos ver o excelente trabalho do director de fotografia de Janusz Kaminski. As crueldades dos oficiais das SS contra os judeus do gueto, as mil e uma maneiras engenhosas com que os judeus usavam tentar salvar os seus bens e é claro, a própria vida, são-nos assim mostrados com um realismo que impressiona. De facto as muitas fotografias históricas que até hoje nos chegaram desta triste temática que mancha a negro a história da humanidade, são a preto e branco. Cada imagem do filme parece uma espécie de fotografia a três dimensões e a câmara que por vezes oscila a imagem dá-nos a sensação de interactividade, como se o realizador quisesse de facto por-nos a observar as coisas dentro do filme. Outro papel importante tem a inesquecível banda sonora “oscarizada” de John Williams.
A Lista de Schindler não é um filme a ver não só pela sua componente estética e fílmica, mas também pelo dinamismo do seu elenco no retratar do sofrimento de um povo e da podridão da ideologia nazi que fez milhões de vítimas.

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