sábado, 12 de julho de 2008

Vertigo

A estreia de Vertigo foi há cinquenta anos. Mais precisamente, no dia 9 de Maio de 1958. Em São Francisco, a cidade onde decorre a acção do filme.Cinco décadas depois, o filme de Alfred Hitchcock permanece intenso e é um belo exemplo de como a arte cinematográfica consegue seduzir de múltiplas formas. Pelo poder das imagens, pela inteligência do argumento, pelo fascínio da música, pelos aspectos técnicos da montagem das cenas e do tratamento da cor; pela presença dos actores, pela ousadia técnica num período em que filmar a queda de um corpo ou a encenação visual de uma vertigem exigia perícia e «know-how».
Baseado no livro “D'Entre les Morts” de Pierre Boileau e Thomas Narcejac, Elster (
Tom Helmore) quer livrar-se da sua mulher e prepara uma armadilha a Scotty (James Stewart) de forma a que este possa ser testemunha do suicídio simulado dela. Para o fazer contrata uma rapariga e transforma-a numa loira. Elster constrói uma personagem feminina, Madleine (Kim Novak) irresistível para Scotty e rodia-a de mistério e neuroses num crescendo que culmina com o suposto suicídio de Judy do qual Scotty é testemunha. Na realidade é a mulher de Elster que cai da torre da igreja e não se trata de um suicídio genuíno. Scotty, sem saber o que realmente se passou, fica tão perturbado que tem de ser internado numa instituição psiquiátrica para se recuperar do choque. Quando finalmente recupera encontra na rua uma rapariga parecida como Madleine, mas morena Judy (Kim Novak). Scotty transforma esta rapariga de forma a ela ficar semelhante a Madleine, pinta-lhe o cabelo de loiro, muda-lhe a roupa e a maquilhagem. A semelhança entre Madleine e Judy é tão grande que Scotty começa a suspeitar que se trata da mesma pessoa. Para descobrir se é esse o caso Scotty leva Judy à mesma torre onde a cena do suicídio se passou de forma a repetir a cena anterior e descobrir a verdade mas desta vez a Judy/Madleine morre realmente.
Vertigo é tido como a mais complexa e surreal obra de
Alfred Hitchcock e, com efeito, após a visualização atenta do filme sentímo-nos atraídos a voltar ao mesmo, a revisitar uma e outra vez as diversas camadas que o constituem de modo a descobrir todos os pequenos pormenores que fazem dele uma das maiores obras-primas da 7ª arte. Dotado de uma cinematografia fora de série pelo “mestre” Robert Burks, uma banda sonora de sonho por Bernard Herrmann que adapta-se ao ambiente na perfeição e a sempre suprema realização de Alfred Hitchcock este é um clássico a não perder, uma obra a descobrir por todos os que amem cinema ou apenas por aqueles que apreciem um bom filme. Destaque-se ainda que é neste filme que o famoso efeito de vertigem, usado constantemente em outros filmes, é utilizado pela primeira vez, mais uma vez pela mão do sempre revolucionário Robert Burks.
Vertigo foi em 1958 nomeado para dois Óscares, melhor direcção artística e melhor som, acabando por não ganhar nenhum deles. Sem qualquer surpresa, o verdadeiro reconhecimento ao filme acabou por chegar, não dos E.U.A., mas sim da Europa, mais especificamente de Espanha, no San Sebastían International Film Festival onde
Alfred Hitchcock ganhou um prémio pela realização e James Stewart o prémio de melhor actor.

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