segunda-feira, 28 de julho de 2008

The Great Dictator


Charles Chaplin ouviu de um amigo, que apesar de terem posturas diferentes, parecia-se fisicamente com Hitler. Os dois tinham o mesmo biótipo, o bigode e altura, além de conseguirem chegar ao topo do sucesso em suas áreas. Depois descobriu que a diferença de nascimento dos dois era de apenas quatro dias. Diante desses fatos, resolveu brincar um pouco com as coincidências e criar uma história em que um judeu e um ditador trocariam de papéis. O eterno vagabundo foi muito corajoso ao fazer um filme criticando o nazismo numa época de guerra. Quando The Great Dictator estreou nos cinemas em 15 de Outubro de 1940 causou protestos de todos os lados.
Charles Chaplin foi acusado pelo Comité das Actividades Anti americanas por actuar e dirigir este filme, resultando na sua expulsão dos Estados Unidos.
The Great Dictator começa durante a primeira guerra mundial, retratando com o humor único de Charles Chaplin a perseguição e discriminação religiosa sofrida pelos judeus da época. Mesmo o som já tendo chegado aos cinemas quando o filme foi feito em 1940, Charles Chaplin optou por diálogos curtos, utilizando-se assim mais de técnicas do cinema mudo, pelo qual é muito conhecido salvo porém, pelo final e clímax do filme, em que Charles Chaplin faz um discurso de seis minutos de duração,que na minha opinião o mais formidável discurso anti-guerra existente.
Charles Chaplin interpreta duas personagens: o barbeiro judeu e o ditador, que são idênticos em sua aparência, mas diferentes nas suas concepções. O judeu é um ex-combatente da primeira guerra, tentando retornar à sua rotina após passar um bom tempo num hospital. Enquanto ele estava internado, muitos acontecimentos mudaram os rumos do mundo: o partido de Adenóide Hynkel, o ditador, toma o poder, fazendo discursos tão inflamados que assustavam a multidão. Nas ruas, os soldados invadem as casas dos judeus, agredindo-os, saqueando as suas lojas e exaltando a superioridade da raça ariana. O barbeiro judeu, assim como todos os demais, sofre também com isso. A figura feminina dessa vez é representada por Hannah (Paulette Goddard), uma mulher pobre que é maltratada, mas que acaba a ajudar o judeu. Hannah é uma homenagem de Charles Chaplin à sua mãe, Hannah Chaplin, que também era judia. Ela salva-o de uma perseguição dos policias alemães, e acaba sem querer bater com uma frigideira na sua cabeça. A cena tornou-se um bailado perfeito, pois, tanto pelo golpe, onde o judeu sai dançando entre a calçada e a pista, mostrando que o actor, apesar da idade, ainda estava em plena forma.
Noutro plano, Hynkel prepara o grande golpe, condenando todos os judeus. Hannah e os seus amigos fogem para Austerlich, onde encontram uma paz transitória. Hynkel tenta chegar a acordo com outro ditador, Napaloni (Jack Oakie), numa sátira ao ditador Mussolini. Os dois passam por uma briga de egos, trazendo um dos melhores momentos do filme. A guerra continua, e enquanto isso Hynkel vai caçar patos onde acaba por ser confundido com o judeu e é preso. O pequeno barbeiro, por sua vez, é confundido com o ditador, e caminha para fazer o seu discurso, só que invés de ouvirem o discurso inflamado do antigo ditador, o que ouvem é uma exaltação à paz.
Entre as cenas inesquecíveis deste clássico recordamos o delicado bailado de Hynkel com o globo terrestre, o seu voo de pernas para o ar, e o duelo pelas cadeiras de barbeiro entre Hynkel e Napaloni. A grande comédia encontra a grande paixão pela sétima arte e a melhor sátira política em The Great Dictator.
The Great Dictator foi o primeiro filme de Charles Chaplin totalmente falado.
Apesar de toda a confusão que acompanhou a sua estreia, o filme foi indicado para os Oscars de Melhor Actor (Charles Chaplin), Melhor música, fotografia e actor secundário (Jack Oakie). Não ganhou nenhum, mas Charles Chaplin levou o prémio de melhor actor da Associação dos Críticos de Nova York.

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